Não, nós não precisamos de mais programadores.
Parece contraditório, no mínimo. Afinal, é bastante comum ouvirmos autoridades apregoando em discursos e reportagens que o déficit de programadores, no Brasil, é de 70 mil programadores/ano. Nos EUA, em torno de 200 mil programadores/ano. Mas nunca recebi uma explicação de como este número foi calculado.
O "déficit" de programadores no Brasil e no mundo é utilizado como motivação para se investir mais na formação de mais programadores. O investimento é correto. O foco é que está errado.
Novamente, nós não precisamos de mais programadores. Precisamos de programadores melhores. Precisamos de profissionais competentes.
Citarei um trecho de uma entrevista com David Lorge Parns, ACM Fellow:
What is the most often-overlooked risk in software engineering?
Incompetent programmers. There are estimates that the number of programmers needed in the U.S. exceeds 200,000. This is entirely misleading. It is not a quantity problem; we have a quality problem. One bad programmer can easily create two new jobs a year. Hiring more bad programmers will just increase our perceived need for them. If we had more good programmers, and could easily identify them, we would need fewer, not more.Traduzindo literalmente:
Qual é o mais desapercebido dos riscos em engenharia de software?
Programadores incompetentes. Existem estimativas de que o número de programadores necessários nos EUA ultrapassa os 200.000. Estas estimativas são enganosas. Não é um problema de quantidade; nós temos um problema de qualidade. Um mau programador pode facilmente criar dois novos empregos por ano. Contratar mais maus programadores só vai aumentar a percepção de necessidade deles. Se tivéssemos mais bons programadores, e pudéssemos facilmente identificá-los, precisaríamos de menos, não de mais.Infelizmente encontrar programadores que sejam profissionais competentes é algo raro. Programar não é somente "fazer funcionar". É fazer bem feito. É produzir código testado. É utilizar técnicas e ferramentas adequadas para resolver o problema.
É fácil perceber porque um mau programador cria dois novos empregos por ano. Um mau programador (que é a regra generalizada) produz código mal feito. Um código mal feito precisa de outros dois maus programadores para ser mantido. E assim continuamos numa progressão geométrica.
Vamos atacar o problema correto. Nossa meta deve ser transformar as pessoas com potencial em profissionais competentes e retirar o restante do mercado. E você? De que lado está? De que lado quer ficar?
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